Você sente que ainda tem muito a
aprender sobre as atividades da sua mente, antes de poder chegar a algum lugar
próximo da consciência ou iluminação espiritual?
Não, não tem. Os problemas da mente não
podem ser solucionados no nível da mente. No momento em que compreendemos que
não somos a nossa mente, não existe muito mais a aprender ou compreender. O
máximo que podemos conseguir ao estudar a mente é nos tornarmos bons
psicólogos, mas isso não nos levará para além da mente, do mesmo modo que
estudar a loucura não basta para criar a sanidade. Já entendemos a mecânica
básica do estado de inconsciência, ou seja, quando nos identificamos com a
mente geramos um falso eu interior, o ego, que é um substituto do nosso
verdadeiro eu interior enraizado no Ser. Passamos a ser “um ramo cortado da
videira”, como Jesus pregou.
As necessidades do ego são
intermináveis. Ele se sente vulnerável e ameaçado e, em consequência, vive em
um estado de medo e carência. Quando entendemos esse funcionamento anormal da
mente, não precisamos examinar todas as suas numerosas manifestações, nem
transformá-lo em um problema pessoal complexo. O ego, é claro, adora fazer
isso. Está sempre buscando algo em que se apegar para sustentar e fortalecer a
ilusão que tem de si mesmo e para juntar aos seus problemas. Essa é a razão
pela qual, para muitos de nós, o sentido do eu interior está intimamente ligado
aos nossos problemas.
Quando isso acontece, a última coisa
que desejamos é nos livrar deles, porque isso significaria a perda do eu
interior. Por isso, pode existir uma grande parte de investimento inconsciente
do ego em mágoa e sofrimento.
Portanto, se reconhecermos que a raiz
da inconsciência vem de uma identificação com a mente, o que naturalmente
inclui as emoções, estaremos dando um passo para nos livrar da mente. Ficamos presentes.
Quando estamos presentes, podemos
permitir que a mente seja como é, sem nos deixar enredar por ela. A mente em si
é uma ferramenta maravilhosa. O mau funcionamento acontece quando buscamos o
nosso eu interior dentro dela e a confundimos com quem somos. É nesse momento
que a mente torna-se egóica e domina toda a nossa vida.
(por Eckhart Tolle, do livro O Poder do Agora.)
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